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Inverno
Anna Pimenta
"Sou grata ao universo por esse inverno ter sido tão atípico. Quem saberia? Dias ensolarados e noites tão belas que encarar o frio não fora nenhum desafio. Olhar estrelas e dançar por entre fogueiras que outrora, acesas, deram ritmo de chão e chão, caminho em harmonia. Teria sobrevivido aos acidentes pra fenecer num entardecer vazio e insípido, gélido e solitário no feudo de bandeiras sem símbolos e simbolismo tão promíscuo se tudo sempre fosse como se era achado devido. Dissincronias em escalas pentatônicas pra ressuscitar o que morto já era pra ter continuado a estar.
Quem diria ou saberia que tudo que se tivesse querido fosse o que tivesse sido, e o que se daria? Ô precipício!! Se... Ainda? Ninguém saberia! -Sê grata e basta! O grito de deuses mudos ecoa em meus ouvidos. São mais de duas as escalas, mas quase ninguém as sentira. Respiro e faço ter algum motivo pra ressoar em honra as escolhas preteridas! Que tudo continue sendo atípico e imprevisível; é o que basta, e ainda."
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