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Distopia nossa de cada dia...

Foto do escritor: Anna PimentaAnna Pimenta

Atualizado: 9 de nov. de 2021

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é um seriado esclusivo da

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E aborda um futuro possível para a espécie humana.


(Tendo em vista as mudanças climáticas é recomendável abstrair)


Em um mundo pós apocalíptico os seres humanos, nessa série, não tem mais o poder da visão.


O toque acolhe, o cheiro instiga ou repele;

o som interno dos corpos é ouvido e informa sobre as emoções e sentimentos..

o sons externos são apreendidos; determinam a morte ou a vida.

São palatáveis a ira, o amor e a paixão.


Regimes autoritários e sanguinários se erguem sob crenças e nomeiam o fogo como o novo Deus - são milênios de programação neural para essa predisposição em criar deuses externos.

Mas, os cegos não sabem disso.


Os pacíficos se escondem por montanhas e lugares remotos e criam cada qual seus ritos, mitos, leis e estabelecem a ordem apenas com seus quatro sentidos.


As constituições do império Trinovante e a dos Prayans têm muitas cordas e nós (povos ameríndios pré colombianos também usavam nós e cordas com essa finalidade - impor regras para manutenção da harmonia social).


Atentem-se que não são mais do que um preâmbulo, 250 artigos e um ADCT. Quatro são só os sentidos que restam.

As Constituições seguem uma tradição imemorial. O que diferencia é a capacidade intelectual dos povos de se manterem ordeiramente em comunidade vizando o bem comum.


Há celebrações em que tribos diversas se reúnem para a troca de genes na ânsia de evitar a consanguinidade como fator de males na prole futura. Repetem os atos, mas sem o saber. Não existem livros que os ensinem, e os futuros guerreiros precisam ser hábeis na sobrevivência e na luta. Usam a força física e o instinto tanto quanto a intuição.


"Enxergar é um sentido que atrofia todos os outros... e o Deus da chama ardente retirou dos seres humanos para que aprendessem a amar" - já é parte de um conto infantil compartilhado em volta de fogueiras; ensinam às crianças desde tenra idade o que manterá os espíritos mais inquietos limitados.


Os olhos escravizam nesse mundo distópico, contudo, todos os sistemas e códigos de conduta necessários à submissão foram criados da mesma forma.

Os mesmos nós em cordas que registram os grandes feitos, o comércio e os contratos também enforcam, prendem, escravizam e amordaçam.


É preciso ser laborioso! Os dedos das mãos, as terminações nervosas, a energia que deles emana, sentenciam ou concedem o indulto.


Alguns desejam voltar a ter poder. A visão. Deturpado o uso, levou ao final de todas as civilizações que precederam. É a sentença que se encerra.

Alucinação coletiva?


Baba Voss ter empatia e criar gêmeos míticos que enxergam e lêm num mundo de cegos como se filhos próprios fossem é um tipo de redenção?




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