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Vaidade
Anna Pimenta
Ter o dom de saber usar as palavras, argumentar, contrarrazoar, ponderar, utilizar-se de oxigênio pra produzir verbo ou silêncio enfático juntamente com o tempo, desenhando realidades como numa pauta musical é dádiva ou maldição; e só a senhora que gira a roda da fortuna poderá se pronunciar quanto a isso.
Muitos seres dotados desse dom já levaram civilizações ao apogeu, bem como outros, à destruição de suas pátrias e degradação vexaminosa de seus pares; Esse dom tem o poder de convencer multidões. E multidões lhe saúdam com louros enquanto vitorioso e assistem extasiados com a mesma ânsia seu descarte. Dizer o que querem escutar e enquanto querem ouvir é pra quem tem dom, ou karma. Há de se ter cautela com desejar aplausos! Como dizia o diabo no filme de Taylor Hacford: "vaidade. Meu, pecado favorito!"
Aléxandros ho Mégas não fora acometido por maldições de família ou pela ira de Deuses para angariar desafetos.
Não existe Deus ou Demônio fora de nós mesmos. Algum humano que permita-se manipulado, ao bel prazer, por um ser superior, não goza de livre arbítrio ou auto determinação. Não reconhece seu Deus interior. Não é ser pensante, quiça, atuante. Senhor e senhora do seu destino? Nunca!
Deverá oferendas à Deuses de Panteões adormecidos, esquecidos pelo inconsciente coletivo. E será subjugado por egos. O próprio e o de terceiros, inevitavelmente.
Objeto inanimado é o que é e para sempre o será. Bicho "feito de barro" sem "animus", "sem alma" - fantoche, marionete, farsa; reproduzindo instintivamente o que é conveniente, sobrevivendo como um excelente animal social bem adaptado.
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